quarta-feira, 3 de novembro de 2010

TRAÇOS BEM DEFINIDOS DA ARTE DE DINA GARCIA

Dina Garcia é uma cruzalmense autodidata nas artes plásticas, que possui um estilo autodefinido como “fovista”. A artista já participou de grandes exposições, incluindo a coletiva “Rouge Ébene”, no Museé Municipal dês É Maux em Bongwy Haut, na França, em 2006 e a IX Biebal do Recôncavo, de 2008, no Centro Cultural Dannemann, em São Félix- Brasil. Na entrevista abaixo, Dina conta um pouco da sua história e da sua arte.

JQ: Você define a sua arte como “fovista”. Explique quais são as características desse estilo.
DG: O estilo fovista não tem uma ligação com formas acadêmicas. É um estilo bem solto, é mais voltado para as cores. É um estilo mais instintivo. Não tem aquilo de você fazer um desenho perfeito. É uma mistura do expressionismo, do cubismo, ou seja, uma mistura. Você utiliza cores mais alegres e bem soltas, não tem muita ligação com formas corretas.

JQ: Quando você descobriu o gosto pelas artes plásticas?
DG: Quando fiz magistério eu fazia cartazes e ampliava os desenhos. A partir daí eu achei que tinha jeito para desenhar. Mas bem antes, desde criança, sempre quando brincava de escola eu já desenhava. Eu ficava copiando os desenhos das revistinhas da Turma da Mônica e gostava de desenhar casinhas. O gosto pelo desenho, o gostar de pintar, já existia desde pequena.
JQ: Qual foi sua reação quando viu o seu primeiro trabalho pronto?
DG: O meu primeiro quadro foi “O barco”, quadro que eu pintei em uma tarde. Eu não fiz faculdade, mas fiz curso livre, e aí um professor perguntou: ‘Como você pinta um quadro em uma tarde, você é o The Flash?’. Isso porque pintei bem rápido e fiz esse barco em tela, porém, eu já havia pintado a lápis de cera, bem forte, depois coloquei moldura. Na época fiz até uma exposição na Biblioteca Municipal com meus primeiros trabalhos.
JQ: Com relação a arte, qual a sua visão quanto ao público cruzalmense?
DG: Eles me deixaram muito surpresa. Inicialmente eu não mostrava meus trabalhos aqui. Fiquei surpresa porque eles compram as camisas que pinto. Acho que eles gostam de arte, porque todo mundo quer ter uma, ate os que não entendem, gostam do meu trabalho e fazem elogios. Antes eu tinha receio de expor porque tenho uma pintura diferente, uma pintura a vontade, ou seja, não é uma pintura acadêmica que todo mundo vai entender.

JQ: Qual foi o fato que mais marcou a sua vida artística?
DG: Ter sido selecionada na Bienal do Recôncavo de 2008.

JQ: Pode-se perceber em seus trabalhos a presença de flores, baianas, uma infinidade de formas, mas o que você mais gosta de pintar?
DN: Eu gosto muito do nu feminino. Acho a mulher bonita, é um tema muito bom para se pintar. Gosto também dos caipiras, apesar de pintar pouco, porque a maioria das minhas exposições em Cachoeira é com telas de baiana e temas afro, mas adoro pintar o caipira, o homem do campo. Gosto também de pintar objetos, como uma mesa, a cadeira, o vaso, enfim.

JQ: Qual a importância da cidade de Cachoeira em sua vida artística?
DG: Total. Tudo de importante que me aconteceu foi em Cachoeira, apesar de ter começado aqui pintando com o lápis de cera. Em seguida fui para Salvador e foi lá que comecei. Fiz cursos livres no Palácio da Aclamação, oficina de desenho e pintura e depois comecei a colocar minhas telas lá no Pelourinho, onde também fiz minha primeira coletiva. Vendi telas pequenas feitas na hora no meio da rua, sentava lá, pintava e vendia ali mesmo. Em Cachoeira tive minha seleção para a bienal. Participei de várias exposições. Quer dizer, isso antes de eu vender camisas, porque agora a venda das telas diminuiu, mas não foi só pra mim, foi para todos os artistas também. Mas antes eu vivia do dinheiro das minhas vendas em Cachoeira, então quando Deus fecha uma porta ele abre outra, aí surgiram as camisas. A minha vida artística toda é mais em Cachoeira.

JQ: Onde as pessoas podem encontrar o seu trabalho?
DG: Eu mantenho exposições permanentes em Cachoeira, no Pouso da Palavra, no IPHAN, no Empório, na Pousada do Carmo, no sebo Café com Arte. Em todos esses lugares as pessoas podem encontrar minhas obras de arte.

JQ: Quais são os obstáculos que um artista plástico enfrenta?
DG: A venda. O valor do trabalho, muitas vezes é desvalorizado. As pessoas querem abaixar o preço. Acho que gostar de arte é uma coisa e dá o valor que realmente ela vale é outra. Gostar aqui as pessoas até que gostam, mas valorizar é o mais difícil. Se você vendesse, você teria mais recursos para fazer outras coisas. Claro, é bom que todo artista tenha um patrocínio, mas eu sou tão individualista quanto a isso que nem busco, acho que eu mesmo tenho que fazer. Cada um faz sua parte. É claro que se eu tivesse um patrocínio, que investisse em mim, seria bem melhor. Espero um dia encontrar, mas se não acontecer eu vou abrindo meu próprio caminho.

JQ: O que você sente quando vê a admiração do público com relação ao seu trabalho?
DG: Eu fico feliz porque amo o que faço.

Jordane Queila

3 comentários:

  1. Matéria muito interessante, pois divulga o nome de uma artista de nossa terra. Temos o costume de só apreciar o que é de fora, com esse tipo de matéria, conhecemos e divulgamos outros nomes.

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  2. ateliedinagarcia.blogspot.com


    Obrigada Jordane,çonheça também meu Blog.

    Dina Garcia

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  3. Adorei a entrevista,Jordane.Beijos,Dina Garcia

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