quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CENTROS SOCIAIS DE CACHOEIRA ORIENTAM JOVENS A EVITAR O MUNDO DAS DROGAS


O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Projeto Camelo, patrocinada pelo grupo VOTORANTIM, são dois centros de assistência social que funcionam em Cachoeira com o objetivo de prevenir  o ingresso da juventude marginalizada no mundo das drogas.  

Embora sejam consideradas instituições recentes na cidade, o CRAS, com dois anos, e o Projeto Camelo, com um ano, vêm fazendo a diferença na vida da juventude que freqüenta regularmente as propostas oferecidas. Segundo  dados do Projeto Camelo são atendidos  70% dos 109 inscritos. Os responsáveis pelos dois projetos afirmam manter uma divulgação intensa de suas ações, por meio dos próprios alunos e das visitas dos assistentes sociais na comunidade, atendendo as demandas  instantaneamente. O acolhimento inicial é feito pelos assistentes administrativos, na presença de responsáveis, e posteriormente os jovens  são encaminhados para técnicos da referência.

AULA DE VIOLÃO CRAS
Entretanto, nenhuma das duas instituições sabe ainda como será a continuidade do trabalho realizado a partir do momento em que os jovens atingirem a idade limite definida pelo projeto para o acompanhamento. O coordenador do CRAS, José Costa, afirma não pretender deixar de acompanhá-los e dependendo do desempenho e interesse do aluno, continuar acolhendo-os na instituição. Já a coordenadora do Projeto Camelo, Ivana Rodrigues, diz que os jovens só são obrigados a sair quando o conselho tutelar e a promotoria mandam que eles saiam, pois alguns deles costumam cumprir medidas sócio-educativas para que não sejam presos.

O CRAS neste ano ganhou um espaço melhor adaptado por cobrança da fiscalização, enquanto o Projeto Camelo desde o início se estruturou num local alugado. Nos dois ambientes ocorrem atividades diárias, de segunda a sexta feira, das 8 às 17 horas. O CRAS oferece para os usuários dos programas sociais cursos de corte e costura, bordado, pintura, crochê, violão e canto, enquanto o Projeto Camelo oferece capoeira, percussão, futebol, teatro.

Segundo o coordenador José Dias, o CRAS é “um programa do governo federal que funciona como uma casa de acolhimento para comunidade, mais próximo das comunidades em situação de vunerabilidade social, onde a desigualdade social é maior, para que chegue a assistência social nessas localidades e torne mais fácil o acesso à benefícios”. O Projeto Camelo acolhe jovens de 11 a 21 anos, tem parceria com o grupo Gamge (Instituição organizacional governamental de Doutora Rita) e OPC (Curso de informática). Além de diferirem quanto a ser um projeto público e outro não-governamental, a maior diferença entre as instituições encontra-se na explicação do coordenador do CRAS, onde  “quem recebe Bolsa Família automaticamente tem direito a atividades sócio-educativas e atividades lúdicas, como o PROJOVEM, que tira o tempo ocioso de jovens de 15 a  17 anos ou  PETI, o programa de erradicação do trabalho infantil”.

A psicóloga do CRAS, Abgail Santana, salienta que o trabalho feito com aqueles jovens visa sempre fazê-los interagir e conhecer sua comunidade para que se sintam parte dela. A psicóloga ainda aponta que apesar do projeto ter a função de fazer o monitoramento da família, recadastramento, observar se encontram-se nas mesmas condições de vida ou emergiram, é difícil fazer a manutenção do quadro devido à troca de profissionais na instituição, que implicam na interação e vinculo que são criados com os jovens. Reclamação também apontada por Leonardo Marques, secretário do Projeto Camelo desde sua implantação.

AULA DE TEATRO NO PROJETO CAMELO
O coordenador e psicóloga do CRAS observam que a comunidade adotou o ambiente, valorizando e protegendo o espaço, porém ainda se registram algumas evasões dos alunos que podem ser motivadas pelo descumprimento de algumas propostas de lazer por falta de disponibilização de verba. A coordenadora do Projeto Camelo acredita que essa irregularidade se tornou maior nesse segundo semestre  e a causa pode ser atribuída à  “correria de final de ano na escola”.  No geral, os jovens têm interesse em aprender e gostam de estar nas instituições, não se importando com a distância que tenham que percorrer para estarem lá fielmente. “Alguns sabem que tem que cumprir medidas sócio-educativas, mas a maioria gosta de estar participando. O maior índice de presença é no futebol e são disponibilizados lanches para alunos de casa turno. Cada aluno tem direito a fazer duas atividades”, diz a coordenadora Ivana.

Os pais gostam que eles estejam envolvidos naqueles projetos, “é melhor que estar pelas ruas”.  Laura, 17 anos, sorri com o violão do CRAS nas mãos. A coordenadora do Projeto Camelo salienta a importância que dão ao acompanhamento dos pais nas reuniões que influenciam no apoio psicológico que será dado aos alunos a partir da descoberta dos problemas que enfrentam nos lares, mas percebe que essa interação é mínima e aumenta somente quando há alguma oferta de sorteio, brindes ou café da manhã.

“Aqui nós temos mais informações e aumenta nossa expectativa de crescer profissionalmente”, afirma a aluna do CRAS, Andresa, de 15 anos. Os adolescentes do Projeto Camelo afirmam sua felicidade com a atenção que destinavam na confecção de máscaras e no ensaio de uma das suas peças teatrais que fui convidada a assistir para comprovar seus desenvolvimentos.

 Laís Sousa

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