terça-feira, 16 de novembro de 2010

PRINCIPAIS CONQUISTAS DOS BANCOS DEPOIS DE 14 DIAS DE NEGOCIAÇÕES

A greve dos bancos, que durou 14 dias, chegou ao fim depois de ter sido aprovado o reajuste real de 11,54% para os bancos privados, sendo 7,5% para quem ganha até R$5.250 e 4,29% para quem ganha mais de R$5.250. Segundo o delegado sindical, Marcos Silva Dantas de Santana, funcionário do Banco do Brasil, o órgão conseguiu 7,5% sobre todas as verbas salariais. A mesma porcentagem foi o que a Caixa Econômica obteve. Contudo, não foi apenas a favor de um aumento salarial que a categoria aderiu á greve.
 
O delegado sindical explicou que, além do reajuste salarial, os grevistas pediam R$ 4 mil a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os bancos privados conseguiram a Regra Básica de 90% do salário, mais R$ 1.100,80, com teto de R$ 7.181 (reajuste de 7,5%). E também uma parcela adicional de 2% do lucro líquido distribuído linearmente, com teto de R$ 2.400 (reajuste de 14,28%). Já para o Banco do Brasil, e A Caixa Econômica Federal, fica mantida a regra antiga com a distribuição linear de 4% do lucro líquido semestral, e ainda o módulo FENABAN – Federação Nacional dos Bancos, acrescida do módulo bônus aos comissionados.

VALORIZAÇÃO DOS CARGOS

Os bancários também queriam a valorização dos salários de ingresso na categoria, com o piso salarial de escriturário baseado no salário mínimo do Dieese, de R$ 2.157. Com o objetivo de que o trabalhador bancário pudesse enxergar um futuro na sua carreira dentro da instituição financeira, garantindo a igualdade de oportunidades a todos os trabalhadores na ascensão profissional, a categoria reclama a criação de um Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) para todos os bancos, com o acompanhamento dos sindicatos. 
 
Com a greve, o Banco do Brasil conquistou um reajuste de 13%, elevando o que era de R$ 1.425 para R$ 1.600, o que significa um aumento real de 8,71%, com correção de todo o PCS. Estabelecimento da Carreira de Mérito do Plano de Carreiras e Remuneração (PCR). Os funcionários da Caixa também passarão a receber esse valor, a diferença é que ele será feito mediante aplicação de 10,19% sobre o valor da referência.
 
Marcos de Santana colocou que na 12ª Conferência Nacional, os delegados decidiram pela contratação total da remuneração do bancário. Com isso, se fez necessário negociar com os bancos, além da remuneração fixa, a remuneração variável que a cada ano ocupa parcela maior do salário dos empregados dos bancos. Como proposta para essa remuneração variável, o Sindicato aconselha que os bancos paguem mensalmente 10 % sobre o total das vendas dos produtos financeiros realizados nas unidades e 5 % da receita de prestação de serviços, apurada trimestralmente e distribuída de forma linear, com a incorporação de um percentual ao salário.

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Antes da greve, os delegados sindicais aprovaram aumentos maiores para os vales alimentação e refeição, cada um deles com o valor de um salário mínimo nacional (R$ 510). O aumento teria sido apontado como prioritário por 75 % dos bancários que responderam à consulta do Sindicato. Os bancos privados conseguiram R$ 18,15 em auxílio refeição, 13ª cesta-alimentação de R$ 311,08 e auxílio cesta-alimentação também de R$ 311,08. Quanto aos bancos do Brasil e Caixa Econômica, esse item não consta em suas principais conquistas.
 
Setenta e cinco por cento dos bancários de São Paulo, Osasco e região apontaram o combate ao assédio moral como sendo prioritário na Campanha Nacional Unificada 2010. Esse é considerado um dos principais focos de adoecimento da categoria. Apenas os bancos privados dispuseram como uma de suas principais conquista a inclusão de cláusula na Convenção Coletiva para o combate ao assédio moral. A empresa condenará a qualquer ato de assédio e criará um canal de denúncias, estabelecendo um prazo para a apuração e retorno ao Sindicato.

OUTRAS REIVINDICAÇÕES

Na Campanha Nacional Unificada 2010, a segurança de bancários, vigilantes e clientes nas agências bancárias, foi também uma prioridade.  A greve possibilitou que os bancos privados conquistassem a obrigatoriedade do registro de boletim de ocorrência, divulgação de estatística semestral do setor e atendimento psicológico no pós-assalto, além da possibilidade de realocação para outra agência ao bancário vítima de sequestro.
 
Muitas outras reivindicações foram feitas. Com o objetivo de garantir o emprego dos bancários, a categoria 
acreditava serem necessárias novas contratações, fim das terceirizações, garantia de emprego inclusive durante os processos de fusão, luta pela ratificação da Convenção 158 da OIT – Organização Internacional do Trabalho, que proíbe dispensas imotivadas, acabar com as demissões por justa causa em função de endividamento, respeito à jornada de trabalho. Os bancários também queriam a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal que regra o Sistema Financeiro Nacional, obrigando os bancos exercer seu papel social e promover o desenvolvimento do país. Todavia, soluções para esses impasses não são apontadas como conquistas por nenhum dos bancos.
 
Marcos de Santana, delegado sindical, esclareceu que as negociações tiveram início dia 24 de agosto. No dia 24 de setembro, foi quando ocorreram as últimas negociações, mas sem nenhum avanço por parte da FENABAN. O resultado foi a paralisação da categoria por tempo indeterminado. Acredita que o resultado das eleições 2010, que levou a disputa da presidência para o 2º turno, pressionou o governo a intervir nas negociações, pois os grandes bancos, em sua maioria estatal, estão envolvidos na situação, o que de certa forma prejudica a campanha para a reeleição. 

Sobre os clientes, afirmou que em sua minoria protestaram contra o movimento grevista bancário. Reclamavam principalmente da não possibilidade de pagamento dos seus vencimentos, com razão. Entretanto, tendo em vista a luta por melhorias nas unidades bancárias, principalmente, para o bem-estar do cliente, a maioria apoiou e reivindicou, juntamente com os trabalhadores, melhores condições nas agências. Esse é o ponto forte da união bancários e clientes.

Aline Sampaio

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