terça-feira, 30 de novembro de 2010

VANESSA DA MATA ESTREIA SUA NOVA TURNÊ EM FEIRA

Pela quinta vez em Feira de Santana, Vanessa da Mata, uma das mais belas vozes da MPB, volta à cidade com o seu mais novo trabalho. No último dia 26, na casa de show Garage, estreando sua nova turnê pelo nordeste com o seu mais novo trabalho o álbum “Bicicletas, bolos e outras alegrias”, que confirma seu estilo musical eclético.

Com extrema simpatia e demonstrando grande intimidade com público feirense, mais uma vez a cantora dos cabelos “rebeldes” passa pela cidade e deixa gostinho de quero mais.

Iniciando o show com um dos seus maiores hits a música Amado, sucesso na novela Duas Caras da rede Globo, que até hoje embalando os corações apaixonados. Vanessa mostrou em duas horas de show, os seus novos sucessos como Bolsa de Grife, música que faz crítica ao consumismo e a aparência, e mesclou com outras músicas de outros cds – em conversa com público, que deixou claro não está afiado com as novas músicas, ela entendeu que o cd que ainda está chegando às lojas de todo o país, não teve tempo de chegar à cidade e por isso resolveu colocar músicas mais conhecidas-, demonstrando certo carinho pelo público que lota todas às vezes a casa. Cantou a música Ai, Ai, Ai mais tocada nas rádios em 2006 que fez ficar conhecida em todo o Brasil, levando todos ao delírio.

Encerrando seu show com a música de Renato Russo, Por Enquanto,quando o público mesmo esperou,pois já havia agradecido com sua banda, e teve o retorno de todos os presentes cantando numa só voz.

Maria Gabriela
Jacson Caldas

sábado, 27 de novembro de 2010

UNIVERSITÁRIOS CONCILIAM O ESTUDO COM SEUS CONHECIMENTOS RELIGIOSOS

Segundo os dados da arquidiocese de São Paulo, setenta e três por cento da população brasileira é adepta do catolicismo. Contudo, esse percentual vem caindo a cada ano, cerca de 600 mil fiéis deixam a igreja. Na última pesquisa oficial do assunto, em 19991, o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas apontou que 83% dos brasileiros eram católicos. O protestantismo é a religião que mais cresceu desde os anos 60. Na pesquisa do IBGE, eram 12,6 milhões, aproximadamente 9% da população brasileira. O candomblé e a umbanda são as principais religiões afro-brasileiras. Eram 648,5 mil adeptos, 94% da população em 1991 passando 1,5% em 1999. O espiritismo reunia em 1991 1,6 milhões de seguidores, chegando a 2001, de acordo com a federação Espírita do Estado de São Paulo, a 4 milhões de seguidores.

Falar de religião não é fácil, pois essa discussão acaba entrando em terrenos mais pessoais como fé identidade a até mesmo cultura. O Brasil é conhecido por sua diversidade, o que é observado também no campo religioso. No CAHL não é diferente, com um total geral de alunos ativos de 1076, visível uma grande variedade também no que diz respeito à religião alunos que tentam conciliar seus conhecimentos religiosos com os adquiridos nos anos de estudo.


Palavra de Deus como centro


O estudante de história, Alfredo Pinto da Silva Junior, é católico, e afirma que sua religião tem como centro a palavra de Deus, a bíblia sagrada, e Jesus Cristo como único senhor e salvador, dando também, especial veneração a Maria, mãe de Jesus. Sua decisão de ser católico se deu por influência da mãe quando ainda era criança, mas, hoje, é uma opção pessoal, tanto é que agora considera mais católico que muitas pessoas em sua casa. Inclusive, assume muitas funções na religião: coordenador da pastoral da juventude e membro da Pastoral Universitária-PU.

Conta que já se sentiu discriminado, tanto por parte de alguns professores, quanto de estudantes que não respeitam a opção religiosa dos católicos e, até, das demais religiões. Percebe uma tentativa dos professores de mostrar uma determinada falsidade ou falta de credo da religião. Dessa intolerância religiosa demonstra o preconceito que muitas pessoas têm a respeito das crenças do outro. Diz respeitar a opção dos que se dizem ateu, porque assim como ele tem um ponto de vista e quer respeito, eles também merecem consideração, desde que haja um respeito mútuo.

Quanto aos estudos na faculdade, Alfredo acha que sua religião não atrapalha em nada, pois consegue manter sua identidade enquanto religioso, enquanto pessoa, e a competência, uma determinada imparcialidade na pesquisa científica e no respeito às convicções, crenças e ideologias diferentes e até contrárias às suas.


Coerência

Antonio Caldas, aluno de comunicação, é seguidor do espiritismo. Para ele, o espiritismo consiste basicamente na caridade humana, espiritual e material, além de acreditar que a reencarnação é a principal motivação para evolução humana, só através dela pode se reparar os erros de outras vidas. Não foi influenciado por ninguém a seguir essa religião, sua opção se deu por sentir-se bem e por lhe agradar. Mesmo freqüentando há pouco tempo, é assíduo, vai toda a semana. Encontrou no espiritismo a forma mais coerente para responder as questões espirituais.

Assim como Alfredo, Antonio também já se sentiu discriminado. Acredita que isso se dá por conta do preconceito da própria religião, por ser discriminada por pessoas que não têm conhecimento, devido à grande demanda do catolicismo. Essa religião já foi até nomeada como doutrina de louco, até por que o espiritismo não tem símbolo, e sim ícone, o que pode chocar pela interpretação bíblica. Entretanto, na Universidade não sofreu discriminação, pois não divulga sua opção, porém, diz que provavelmente sofreria, porque a Universidade é baseada nos conhecimentos científicos. Então quando a pessoa foge disso é conhecida como fraca em busca de salvação e que inventa um Deus.

Consegue conciliar muito bem os conhecimentos e os de sua religião, pois o espiritismo tem três pilares: filosofia, ciência e espiritismo, o que é benéfico para a compreensão de certos temas. As leituras do espiritismo são profundas e bem trabalhadas, por isso ajuda no seu desenvolvimento acadêmico, principalmente na prática da leitura. O espiritismo é uma religião sem dogmas, então não há tantos conflitos, ele consegue encontrar todas as respostas, até mesmo as cientificas, nos seus estudos, as questões são expostas de forma aberta, não fica preso aos símbolos, até porque o livre arbítrio é o centro para quem esta lá.


A fé como centro

Uma das representantes da religião evangélica no CAHL, Rosania Laranjeira da Silva. Vê sua religião como uma questão de fé, de experiência pessoal, mas, no geral, a definiria como um caminho de conhecer a Cristo. A religião evangélica, para ela, mostra a verdade bíblica de forma mais seria mais clara e dá a chance da pessoa interpretar e de usar a interpretação da bíblia. Mesmo não dando para dizer que não manipula, afinal de conta existem muitas discriminações, acha que a igreja evangélica não é tão manipuladora.

Decidiu ser evangélica lendo uma bíblia velha da avó. Depois de ter freqüentado o centro espírita, a igreja católica, umbanda. Nesse tempo, continuou lendo a bíblia, após visitar todas as igrejas evangélicas, escolheu uma para congregar. No mais, o que a fez ter certeza da existência de Deus e a influência dele em sua vida, foram às experiências pessoais com um Deus presente, não com um Deus distante como tinha aprendido. Aprendeu que Deus era de longe, mais ele é tão pai e tão amigo.

Nunca se sentiu discriminada, embora, nas aulas se condene a religião. Não acha certo professor fazer isso, pois em um país democrático, devemos respeitar todas as pessoas, também a religião. Por serem duas coisas bem diferentes, consegue conciliar os estudos e a religião. A fé está relacionada com o espiritual das pessoas embora muitas vezes essa manifestação seja neutralizada como, por exemplo, a cura, que era uma coisa extremamente pessoal, com reflexo de fé.

E a questão intelectual e o conhecimento não têm nada a ver com a inteligência de um ou de outro. Não tem dúvidas que as suas contribuições não vão interferir em nenhum conhecimento teórico e nem esse conhecimento em sua fé, em sua crença.


Raízes do candomblé


Já a aluna Luanda, aluna do terceiro semestre do curso de ciências sociais é adepta do candomblé. Diz que a sua religião consiste na centralidade africana e nos orixás. Escolheu seguir essa religião por opção própria. Não sofreu nenhuma influência por parte de seus familiares. Ressalta que procurava uma religião que tivesse a ver com sua história, o candomblé foi a que mais chegou próxima por ser uma religião africana.

Enfatiza que sofreu bastante preconceito na Universidade por parte dos alunos. Para ela, eles não gostam muito do candomblé devido à religião ser baseada na cultura africana e as pessoas praticantes, na sua grande maioria, serem negras. Acha isso bizarro, até mesmo porque a cidade de Cachoeira tem fortes raízes do candomblé e da cultura africana.

Na faculdade as manifestações em torno do candomblé se dão mais no campo cultural do que do espiritual, devido à grande massa de alunos católicos e evangélicos. Porém, está satisfeita no meio que esta e não se importa com os preconceitos. Diz que sua religião não atrapalha nos seus estudos, pelo contrario, ajuda principalmente nas aulas de antropologia.

Aline Sampaio
Marizangela de Sá

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

COMÉRCIO AMBULANTE É MEIO DE VIDA EM CACHOEIRA

O comércio em Cachoeira – BA está em desenvolvimento e se estendendo cada vez mais. A demanda de produtos é alta, pois com a chegada da Universidade e com a contínua visita de turistas, é necessário que esses produtos sejam suficientes para suprir a todos. Existem alguns supermercados e mercadinhos por toda a cidade, mas é impossível andar pelas ruas e não encontrar vários vendedores ambulantes. Vendem dos mais diversos tipos de produtos, desde CD’s piratas a doces caseiros.

Os ambulantes dividem espaço com os pedestres e carros, entre calçadas estreitas e ruas, tentando, de alguma forma, conquistar algum espaço onde possam colocar seus materiais de trabalho e se fixar por um tempo para conseguir algum dinheiro. Afinal, com o alto índice de desemprego, a única alternativa para essas pessoas foi recorrer ao trabalho ilegal.

A maioria dessas pessoas tem como renda apenas o que tiram durante o dia para sustentar a família, a casa. Vê-se nessa situação a Marta Santana, 38 anos, que tem uma barraca de doces caseiros e artesanais na Rua Prisco Paraíso, no Centro de Cachoeira. Marta e seu marido trabalham há mais de 20 anos apenas nessa barraca, que é de onde sai todo o sustento da casa. 



História


Há mais ou menos 20 anos, quando Marta conheceu seu marido, resolveram se juntar, mas não tinham nenhuma renda, e nem onde morar. Como a família dele já trabalhava como barraqueiros, decidiram então, montar uma barraca, que antes era na frente do Mercado, mas hoje se situa no centro.

Vendendo doces, o casal conseguiu construir a sua casa própria e criar os cinco filhos, que quando não estão estudando, ajudam na manutenção da barraca. Marta não tem graduação, nem nenhum curso técnico, mas conseguiu terminar o Ensino Médio. Tem noção da importância dos estudos na vida das pessoas, por isso, incentiva seus filhos a estudarem, para que no futuro não precisem continuar o trabalho da mãe; que consigam entrar em alguma faculdade e, posteriormente, arrumarem um emprego e possuírem um estilo de vida melhor.

Marta sempre trabalhou muito, desde pequena ajudava a mãe em casa e nunca viu de forma negativa que a mulher trabalhe. “As pessoas nunca me desrespeitaram, sempre viram com bons olhos o meu trabalho”, confirma Marta, que diz nunca ter sofrido nenhum preconceito na barraca, desde que exerce essa função, já que é mulher e ajuda a sustentar a casa. Pelo fato de ter ajudado desde nova sua família, não se imagina fazendo outra coisa que não seja trabalhar. “Não me sentiria bem vendo meu marido trabalhar e não fazer nada. Me orgulho de poder trabalhar e contribuir com o rendimento familiar”.

 “Eu e meu marido nos mantemos da barraca já tem muito tempo. A barraca nos dá uma estabilidade. Minha vida toda é isso, eu não trabalho em outra coisa. Meu esposo sempre trabalhou aqui, mas hoje está trabalhando em uma firma. Nas folgas, finais de semana e feriados ele trabalha vendendo os frios, como água, refrigerantes e cerveja nos ônibus”.

Por ser um pequeno negócio, sua demanda fica desfavorecida pela grande variedade dos supermercados, a maioria das vezes as pessoas preferem comprar nos lugares maiores a comprar na barraca. “Mas mesmo assim, tenho minha clientela, trato bem todo mundo, converso, tenho carisma. Tenho uns clientes fixos, e isso gera um ciclo de vendas suficiente para manter o sustento da família”, diz Marta sobre como sua relação com seus fregueses. Marta e sua família nunca pensaram em abrir mão do negócio. Vivem desse trabalho e se vincularam a esse modo de vida. Acostumaram-se com a condição e tentam fazer o melhor que podem para angariar mais clientes e poder melhorar um pouco a instalação da barraca.

Para se organizar, Marta pela manhã cuida da casa e da comida, e a partir das 9:30h vai para a barraca, onde trabalha até 19:00h aproximadamente. Para fazer seus pedidos, vai à Feira de Santana, e solicita algumas mercadorias e quantidades. Mas também pega outras mercadorias com locais.

A oscilação de vendas dificulta um pouco a renda, Marta explica os ajustes: “Quando é dia de feira ou início de mês, as vendas aumentam; em dias normais e final de mês, cai um pouco as vendas. Esse ritmo sempre acontece, é normal”. Esse movimento frequente acontece em todos os tipos de negócios, nos grandes, e principalmente nos menores. Marta, com sua experiência, não se assusta mais com essa agitação dos negócios, sabe os momentos de pico, e os mais escassos.

Sua barraca acompanha e de certa forma, é consequência de tudo que acontece na cidade de Cachoeira. O desenvolvimento econômico também atinge a todos que possuem até um pequeno comércio. Com a chegada da UFRB – Universidade Federal do Recôncavo Baiano – e com a instalação de mais empresas, a demanda de produtos aumentou, pois Marta além de trabalhar com seus artigos individuais, também faz pedidos em grande quantidade. Marta considera esse desenvolvimento uma coisa boa, vê o reflexo da ampliação econômica em seu trabalho.



Novos Projetos

Marta não teve muitas oportunidades. Encontrou na barraca sua única forma de sobrevivência. Mas a família tem projetos. Pretendem ampliar o negócio, através de empréstimos e com a ajuda do governo. “A gente tem dificuldade de capital de giro, que às vezes a gente não tem. Eu acho que agora vai melhorar porque com um empréstimo disponibilizado pelo governo, com juros baixos, a partir de janeiro a situação melhora. Vamos melhorar o ambiente, o físico da barraca, o estado que não está legal, está feia, mas não queremos mudar de lugar”, expõe Marta sua situação atual.

A história de Marta não é única e se repete no país e no mundo. As taxas de desemprego oscilam, no ano de 2009 no Brasil, a taxa de desemprego foi de 8,1%. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – em dezembro de 2009 o número de trabalhadores ocupados era de 21,8 milhões, o que aponta uma alta de 1,0% em comparação a novembro do mesmo ano. Esse dado é semelhante para a maioria das cidades do Brasil, inclusive Cachoeira.

O sociólogo britânico Anthony Giddens aponta os índices de desemprego com grande movimento no decorrer do século XX. Em seus estudos, Giddens afirma que não é fácil definir desemprego, pois não é apenas “estar sem emprego”, e “trabalho” seria um trabalho remunerado e reconhecido. Mas muitas pessoas que estão oficialmente desempregadas podem exercer funções produtivas, como pintar a casa ou cuidar do jardim. Mas, muitas pessoas, como a Marta, atuam na sociedade no comércio informal, por conta própria, outras pessoas têm emprego remunerado de meio turno, ou apenas arranjam trabalhos temporários. As oportunidades de emprego estão cada vez mais difíceis, assim como a profissionalização. Então as pessoas buscam, das mais diversas formas, um modo de subsistência.

Essa situação não é culpa de um único órgão. É o resultado de todo um contexto social e histórico que acarretou todos os erros sociais que a sociedade continua a cometer. Mas enquanto essa deficiência não é resolvida, não adianta julgar e reprimir essas pessoas, que, como Marta, passam por muitas dificuldades, como trabalhar na rua, a pouca renda, dificuldade de conseguir manter a família. Essas pessoas também devem ser respeitadas, independente da sua situação social ou do seu estilo de vida.


Bárbara da Rocha
Laís Sousa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

RÁDIO DE SÃO GONÇALO FESTEJA 50 ANOS MUDANDO DE NOME

Em 1960 foi fundada a primeira rádio escola do Brasil pelo padre Josemir Dias Valverde, que devidamente recebeu o nome de Rádio São Gonçalo. Sintonizada na freqüência 1410 AM, tem um legado histórico de ser a primeira fundada no Recôncavo e a terceira emissora da Bahia, estando atrás da Sociedade de Salvador e a Sociedade de Feira. Dez anos após sua fundação passou a ser dirigida pelo monsenhor Hermenegildo de Castorano, aumentando sua potência de transmissão de 1 kg para 10 kg de potência.

No próximo dia 8 de dezembro a emissora completará meio século de existência marcado por grandes mudanças como a criação de um cinema que incluirá os estudantes das escolas regionais no universo cinematográfico. A rádio, inicialmente, tinha o objetivo de aproximar a igreja Católica da população, mas agora está se desvinculando da igreja e vai passar a se chamar Rádio Planeta. Segundo Ronaldo Pinto, diretor comercial, a mudança do nome está ligada ao crédito e a visibilidade da rádio em outras regiões, já que o nome São Gonçalo interioriza a mesma.

Mas essa transformação está provocando oposições na cidade de São Gonçalo, pois para alguns, como dona Antonia Pereira dos Santos, de 78 anos, ouvinte desde a década de 60, mudar o nome da rádio é apagar metade de uma história que ela representa para a cidade. E para outros a mudança é necessária, porque se ela quer expandir, aumentar seu público ouvinte, não deve prender-se ao município, principalmente carregando o nome do mesmo que a torna particular a cidade.

Segundo pesquisa encomendada pela rádio, ela obteve no último mês de outubro 92% de audiência em São Gonçalo e cidades circunvizinhas, o que é uma prova de que a ‘vovozona’ do Recôncavo é uma das mais ouvidas da região. Alcança um raio de 250 km², média esta, que segundo Ronaldo deve ser aumentada. Além disso tem um site que diariamente é atualizado e leva a rádio a 15 países.

CENTROS SOCIAIS DE CACHOEIRA ORIENTAM JOVENS A EVITAR O MUNDO DAS DROGAS


O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Projeto Camelo, patrocinada pelo grupo VOTORANTIM, são dois centros de assistência social que funcionam em Cachoeira com o objetivo de prevenir  o ingresso da juventude marginalizada no mundo das drogas.  

Embora sejam consideradas instituições recentes na cidade, o CRAS, com dois anos, e o Projeto Camelo, com um ano, vêm fazendo a diferença na vida da juventude que freqüenta regularmente as propostas oferecidas. Segundo  dados do Projeto Camelo são atendidos  70% dos 109 inscritos. Os responsáveis pelos dois projetos afirmam manter uma divulgação intensa de suas ações, por meio dos próprios alunos e das visitas dos assistentes sociais na comunidade, atendendo as demandas  instantaneamente. O acolhimento inicial é feito pelos assistentes administrativos, na presença de responsáveis, e posteriormente os jovens  são encaminhados para técnicos da referência.

AULA DE VIOLÃO CRAS
Entretanto, nenhuma das duas instituições sabe ainda como será a continuidade do trabalho realizado a partir do momento em que os jovens atingirem a idade limite definida pelo projeto para o acompanhamento. O coordenador do CRAS, José Costa, afirma não pretender deixar de acompanhá-los e dependendo do desempenho e interesse do aluno, continuar acolhendo-os na instituição. Já a coordenadora do Projeto Camelo, Ivana Rodrigues, diz que os jovens só são obrigados a sair quando o conselho tutelar e a promotoria mandam que eles saiam, pois alguns deles costumam cumprir medidas sócio-educativas para que não sejam presos.

O CRAS neste ano ganhou um espaço melhor adaptado por cobrança da fiscalização, enquanto o Projeto Camelo desde o início se estruturou num local alugado. Nos dois ambientes ocorrem atividades diárias, de segunda a sexta feira, das 8 às 17 horas. O CRAS oferece para os usuários dos programas sociais cursos de corte e costura, bordado, pintura, crochê, violão e canto, enquanto o Projeto Camelo oferece capoeira, percussão, futebol, teatro.

Segundo o coordenador José Dias, o CRAS é “um programa do governo federal que funciona como uma casa de acolhimento para comunidade, mais próximo das comunidades em situação de vunerabilidade social, onde a desigualdade social é maior, para que chegue a assistência social nessas localidades e torne mais fácil o acesso à benefícios”. O Projeto Camelo acolhe jovens de 11 a 21 anos, tem parceria com o grupo Gamge (Instituição organizacional governamental de Doutora Rita) e OPC (Curso de informática). Além de diferirem quanto a ser um projeto público e outro não-governamental, a maior diferença entre as instituições encontra-se na explicação do coordenador do CRAS, onde  “quem recebe Bolsa Família automaticamente tem direito a atividades sócio-educativas e atividades lúdicas, como o PROJOVEM, que tira o tempo ocioso de jovens de 15 a  17 anos ou  PETI, o programa de erradicação do trabalho infantil”.

A psicóloga do CRAS, Abgail Santana, salienta que o trabalho feito com aqueles jovens visa sempre fazê-los interagir e conhecer sua comunidade para que se sintam parte dela. A psicóloga ainda aponta que apesar do projeto ter a função de fazer o monitoramento da família, recadastramento, observar se encontram-se nas mesmas condições de vida ou emergiram, é difícil fazer a manutenção do quadro devido à troca de profissionais na instituição, que implicam na interação e vinculo que são criados com os jovens. Reclamação também apontada por Leonardo Marques, secretário do Projeto Camelo desde sua implantação.

AULA DE TEATRO NO PROJETO CAMELO
O coordenador e psicóloga do CRAS observam que a comunidade adotou o ambiente, valorizando e protegendo o espaço, porém ainda se registram algumas evasões dos alunos que podem ser motivadas pelo descumprimento de algumas propostas de lazer por falta de disponibilização de verba. A coordenadora do Projeto Camelo acredita que essa irregularidade se tornou maior nesse segundo semestre  e a causa pode ser atribuída à  “correria de final de ano na escola”.  No geral, os jovens têm interesse em aprender e gostam de estar nas instituições, não se importando com a distância que tenham que percorrer para estarem lá fielmente. “Alguns sabem que tem que cumprir medidas sócio-educativas, mas a maioria gosta de estar participando. O maior índice de presença é no futebol e são disponibilizados lanches para alunos de casa turno. Cada aluno tem direito a fazer duas atividades”, diz a coordenadora Ivana.

Os pais gostam que eles estejam envolvidos naqueles projetos, “é melhor que estar pelas ruas”.  Laura, 17 anos, sorri com o violão do CRAS nas mãos. A coordenadora do Projeto Camelo salienta a importância que dão ao acompanhamento dos pais nas reuniões que influenciam no apoio psicológico que será dado aos alunos a partir da descoberta dos problemas que enfrentam nos lares, mas percebe que essa interação é mínima e aumenta somente quando há alguma oferta de sorteio, brindes ou café da manhã.

“Aqui nós temos mais informações e aumenta nossa expectativa de crescer profissionalmente”, afirma a aluna do CRAS, Andresa, de 15 anos. Os adolescentes do Projeto Camelo afirmam sua felicidade com a atenção que destinavam na confecção de máscaras e no ensaio de uma das suas peças teatrais que fui convidada a assistir para comprovar seus desenvolvimentos.

 Laís Sousa

terça-feira, 23 de novembro de 2010

MATRICULA ONLINE NA UFRB AINDA ESTÁ SENDO IMPLANTADA

Na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) a iniciativa de adicionar a opção virtual à matrícula já foi inserida e vem sendo exercida na maior parte dos cursos do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), com exceção dos cursos de Comunicação e História.  

A respeito da causa, interesse dos Colegiados e previsão de disponibilizar a matrícula virtual, recebemos do coordenador do CRA (Coordenadoria de Registros Acadêmicos), Anacleto Ranulfo dos Santos, a informação de que o sistema acadêmico em vigor na universidade foi adquirido quando a instituição ainda não tinha experiência e prática online. Por estar apresentando “inconsistências”, segundo ele, o sistema está passando por um processo de modificação, migrando para um novo sistema virtual.

Ainda segundo o coordenador Anacleto, para que fosse possível a disponibilização de matrícula online é indispensável que o projeto pedagógico do curso (disciplinas obrigatórias, optativas, cargas horária e complementares) esteja “100% legal” pra que, ao solicitar a matrícula, os alunos encontrem um site apto pra fornecer todas as opções necessárias.   “A CRA constatou pós-levantamento que nem todos os cursos da UFRB estavam devidamente ajustados. No primeiro semestre de 2010 foi pedido que os coordenadores revissem todos os projetos pedagógicos e dado a cada colegiado um prazo de 60 dias para que cada coordenador se pronunciasse. Nem todos se pronunciaram e dos que se pronunciaram foi feita uma avaliação pra ver se estavam em dia. Teve curso que estava em situação legal, mas não se pronunciou”, disse o coordenador do CRA.

O vice-coordenador do colegiado de História, prof. Dr. Fábio Joly, informou que a solicitação do seu colegiado já foi feita, com todos os procedimentos de projeto pedagógico em dia, porém há suspeitas de que devido ao sistema falho, a quantidade elevada de alunos do curso poderia causar problemas na rede. Assim, nada impede que com a implantação do novo sistema os alunos de História possam desfrutar da comodidade da matrícula virtual.

“Com o novo sistema, todos os cursos serão online!”, afirmou o coordenador da CRA, incentivando mais “visitas questionadoras”. O sistema ainda não estava implantado no segundo semestre de 2010, mas há garantia do CRA de que em 2011 já esteja funcionando. “Por isso que todos os cursos estão se ajustando pedagogicamente, porque o curso que não estiver legal não terá matrícula”, diz Anacleto.

Laís Sousa

TERRITÓRIOS DA FICÇÃO DISCUTE LITERATURA BAIANA

Os alunos do curso de Comunicação Social da UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia realizam até o dia 09 de dezembro de 2010 o Territórios da Ficção – Literatura Brasileira no Século XXI. O evento, que acontece desde o dia 22 de novembro de 2010, é produto final da disciplina optativa Literatura Brasileira, ministrada pelo professor Carlos Ribeiro e reúne autores para discussão de diversos gêneros da literatura baiana.

Além da participação dos autores estudados ao longo do semestre, o Territórios da Literatura contará com o lançamento, exposição e venda de livros desses autores e com apresentação de trabalhos dos alunos. O evento, que é gratuito e aberto a toda comunidade, acontecerá no auditório da Fundação Hansen Bahia e no auditório do CAHL – Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB, na cidade de Cachoeira - Bahia.

Confira abaixo a programação completa.

22/11(Segunda-feira) - Auditório do Hansen – Állex Leilla e Marcus Vinícius Rodrigues – Território 01 – Espaços da intimidade

14h - Comunicações:
  • Janaína Ezequiel França: O sol que a chuva apagou / Állex Leilla
  • Gabrielle Alano Carcavilla: 3 vestidos e meu corpo nu / Marcus Vinícius Rodrigues
  • Jana Cambuí Alves Lima: Vestígios da Senhorita B / Renata Belmonte
  • Gabrielle Alano Carcavilla: Laços de família / Clarice Lispector
15h - Depoimentos:
  • Marcus Vinícius Rodrigues
  • Állex Leilla
16h - Debate

29/11 (Segunda-Feira)Auditório do Hansen – Mayrant Gallo e Aleilton Fonseca – Território 02 – De agora e de ontem: recortes ficcionais

14h - Comunicações:
  • Perivaldo Costa Pinto Júnior: O inédito de Kafka / Mayrant Gallo
  • Roberval Miranda de Santana: O pêndulo de Euclides / Aleilton Fonseca
  • André Gustavo de Souza Cardoso: Essa terra / Antonio Torres
  • Taísa Agatha Costa da Silveira: Os bandidos / Aramis Ribeiro Costa
15h - Depoimentos:
  • Aleilton Fonseca
  • Mayrant Gallo
16h – Debate

06/12 (Segunda-feira) - Auditório do Hansen – Ruy Espinheira Filho e Carlos Barbosa – Território 03 – memória e política

14h - Comunicações:
  • Tiago Santos de Sant´Ana: Beira de rio, correnteza / Carlos Barbosa.
  • Diogo Silva de Oliveira: De paixões e vampiros: uma história do tempo da era / Ruy Espinheira Filho.
  • Diogo Silva de Oliveira: Sargento Getúlio / João Ubaldo Ribeiro
  • Alanna Oliveira Santos: O que é isso, companheiro? / Fernando Gabeira
15h - Depoimentos:
  • Carlos Barbosa
  • Ruy Espinheira Filho
16h - Debate

09/12 (Quinta-feira) - Auditório da UFRB – Ordep Serra – Território 04 – o real e o fantástico: zonas limítrofes
14h - Comunicações:
  • Roberval Miranda de Santana: Sete portas / Ordep Serra
  • Lorena Santos Souza: O visitante noturno / Carlos Ribeiro
  • Alisson Gutemberg da Silva Souza: Sombras de reis barbudos / José J. Veiga
  • Caroline de Oliveira Silva: O invasor / Marçal Aquino
15h - Depoimentos:
  • Ordep Serra
16h - Debate

Celina Pereira

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

COM QUE ROUPA EU VOU... PRA FACULDADE?

O ambiente universitário consegue reunir em um mesmo lugar os mais diversos visuais. Pessoas de diferentes idades, personalidades e ideologias convivem em um espaço onde na maneira de se vestir, quase tudo é permitido. No CAHL – Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB, alunos, professores, funcionários e demais frequentadores fazem parte de uma atmosfera caracterizada por uma verdadeira miscelânea de estilos. 

Monalisa Passos
No campus universitário de Cachoeira é possível observar a predominância da personalidade de cada um no que diz respeito à moda e aos diversos looks adotados. Monalisa Passos, 18 anos, estudante do segundo semestre de Comunicação Social considera o seu estilo como casual. “A depender do momento e pra onde eu vou, eu decido como me visto”, diz ela. Flávio Pereira, 17 anos, colega de turma de Monalisa, diz que se veste sempre como quer. “Como eu quero sair de casa, eu saio. Não me visto procurando moda nem nada disso”, afirma o rapaz.

Para Luciméia Santos, 20 anos, aluna do segundo semestre de Ciências Sociais, o mais importante é preservar a sua personalidade, priorizando sempre o bem estar. “Na verdade, eu gosto de vestir uma roupa que eu me sinta bem, mas eu não gosto de me vestir como todo mundo. Por exemplo, eu jamais vou usar calça Saruel porque todo mundo usa, mas sim porque eu gosto”, diz a aluna. A padronização dos looks também a incomoda. “Aquelas saias de cintura alta, por exemplo, eu só usei uma vez na vida pra nunca mais usar, porque eu me senti igual a todos e eu detesto isso! O meu cabelo era esticado, liso, como das outras meninas e eu resolvi que queria ser diferente. Então adotei o penteado Black”, confessa.

    Profesor Gilmar Hermes, em seu estilodespojado


A discussão da temática moda não é exclusiva dos alunos. O professor do curso de Comunicação Social Gilmar Hermes afirma não ter o vestuário como uma preocupação primordial. “Meu estilo é despojado. Não me preocupo muito e procuro não me escravizar pela moda. Jamais compro roupa em lojas de grife. Prefiro sempre aquelas que têm o preço mas acessível”, diz ele. Segundo Gilmar, o professor deve ainda se preocupar com a imagem que passa aos alunos: “O professor tem que estabelecer uma imagem de respeito. É importante que ele busque se vestir razoavelmente bem, de uma maneira que não demonstre desleixo. Mas muitas vezes, uma forma de vestir mais descontraída estabelece maior identificação com os estudantes”.

DIAS DE CALOR – O clima quente da cidade de Cachoeira é preponderante na escolha do vestuário pelos frequentadores do Quarteirão Leite Alves. “Com certeza o calor influencia! Quando está muito quente, eu só venho pra faculdade de bermuda”, diz Flávio. Monalisa também opta por roupas mais adequadas ao clima: “Como está muito quente esta época, eu escolho sempre algo leve como short, camiseta ou vestido e rasteira sempre!”. Luciméia também prioriza o conforto nas suas escolhas. “Geralmente eu uso calça folgada, chinelo de borracha ou vestido”, afirma ela.

CERTO OU ERRADO? – Quando se discute moda, não existe uma regra que determine uma forma correta e única de se vestir. Entretanto, o bom senso na escolha da roupa é sempre bem vindo, evitando assim os exageros. “Eu acho inadequado vir pra faculdade com roupa de baixo à mostra ou biquíni”, diz Monalisa. Flávio também foge da exposição em excesso: “Eu evito ir de camiseta regata”.

Flávio Pereira
Uma questão interessante apontada por Flávio é referente ao fato de que as pessoas que se “produzem” mais são, de certa forma, discriminadas pelos colegas. “Aqui a galera se veste do jeito que quer, mas às vezes, quando tem uma pessoa mais arrumada, eles começam a criticar. Talvez porque seja diferente deles. A crítica é pra quem é mais arrumado, e não para quem vem desarrumado”, diz o aluno.

Para o professor Gilmar, a universidade é um espaço democrático no qual a adequação à maioria é essencial para a harmonia do ambiente. “Se vestir bem demais para aparentar uma distinção é um erro, assim como o descuido exagerado também pode ser um erro. Eu acredito que é mais uma questão de se estabelecer uma harmonia com o grupo”, diz ele. 

Em um aspecto, todos os entrevistados concordam: cada um se veste à sua maneira e como se sente melhor. Não existem regras e por isso, todos se sentem à vontade para se vestir de acordo com suas preferências. “O ideal seria que as pessoas pudessem se vestir do jeito que bem entendessem”, conclui Gilmar.
  
Celina Pereira e Sheila Barreto

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

MANIFESTAÇÃO DE ESTUDANTES IMPEDE REALIZAÇÃO DO SEMAE

O SEMAE- Seminário sobre Assuntos Estudantis- evento realizado anualmente pela Pró- Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis – PROPAAE , que em sua IV edição tinha por tema “ Projeto de vida”, e seria realizado no auditório da reitoria teve sua programação suspensa devido a manifestação de alguns estudantes integrantes do PPQ – Programa de Permanência Qualificada, que chegaram no evento em clima de protesto.
 
Os manifestantes reivindicavam entre outras coisas a participação na elaboração do seminário. Eles propuseram uma paralisação e ocupação simbólica da sala da reitoria por 30 minutos que foi aceita pela maioria. Uma aluna que se mostrou contrária a maneira pela qual estava sendo feita a manifestação foi vaiada.
 
Eles alegam que escolheram, justamente, o dia do evento para discutir esse assunto por ser uma oportunidade singular, em que a maioria dos bolsistas estava junta e poderia trocar ideias e apresentar os problemas aos órgãos competentes. Para eles a multicampia atrapalha a criação de uma identidade estudantil da UFRB, e os alunos estão identificados pelos seus centros de ensino.
 
De acordo com Sergio Augusto, recém-formado em História, morador da residência universitária, a PROPAAE não funciona de maneira eficiente. Vários bolsistas sentem-se como se solicitassem esmolas, suas necessidades na maioria das vezes são tratadas com desdém e faltam profissionais qualificados para atender aos estudantes.
 
Para ele, o projeto REUNI da UFRB é muito falho, existe uma distância entre teoria e prática. O regimento da PROPAAE diz uma coisa, mas o que os assistidos sentem na pele é diferente. Existem carências, problemas que precisam ser solucionados. Afirma que o objetivo dos estudantes não é destruir, mas melhorar. “Como eu falei antes, não é destruir nada. Muito pelo contrário, é agregar valor, é apontar soluções, é melhorar, mas nem sempre somos interpretados assim.”
 
Os estudantes apresentaram uma pauta com 23 itens. Entre eles estavam: recebimento do auxílio mesmo no período de férias; auxílio alimentação para bolsistas de outras modalidades dos centros que não possuem restaurante universitário; igualdade no valor das bolsas; criação de uma cartilha de esclarecimento de direitos e deveres dos bolsistas, representação de bolsistas de toda modalidade de auxílio, não apenas dos residentes.
 
A Pró-reitora da PROPAAE, Rita de Cássia Dias, recebeu a pauta para fazer o encaminhamento e a programação do seminário foi suspensa. Entre as reivindicações, a que os bolsistas julgavam mais urgente era o recebimento no período das férias. De acordo com Pró-reitora, o estudante que comprovar as despesas, no caso de auxílio pecuniário à moradia, e apresentar o recibo de aluguel permanece recebendo. O auxílio que não continua no período das férias é o óbvio – auxílio deslocamento – já que o estudante não se desloca para os centros de ensino nesse período.
 
Lamentou a suspensão do seminário, pois considera importante a realização deste, disse que Seminário sobre Assuntos Estudantis não se resume a assistência estudantil. A Pró-reitora disse que deve ser comemorado o fato de se ter uma política pública federal, já que a UFRB é uma dentre as poucas universidades contempladas.
 
Rita Dias acredita que é preciso reivindicar, mas é preciso garantir o que já tem. Salienta que é necessário que se dialogue buscando ver de que maneira é viável a solução dos problemas. E pede a organização estudantil formal para representação mediante os assuntos estudantis de maneira organizada.

 Estudantes protestam na sala da reitoria

Fabiana Dias

terça-feira, 16 de novembro de 2010

FUNCINÁRIOS DA LIMPEZA RECLAMAM DA POUCA COLABORAÇÃO DOS ALUNOS


Os alunos do Centro de Artes Humanidade e Letras – CAHL, que estudam pela manhã são as primeiras testemunhas do trabalho desempenhado pelos funcionários da limpeza. É muito comum os alunos estarem chegando no momento em que esses funcionários estão terminando a primeira parte da limpeza, que é iniciada diariamente às 6:00 hrs. Porém, também é comum reclamações de alunos dizendo que o banheiro está sujo, que falta papel higiênico, que não tem sabonete. Nesse momento, o primeiro impulso é culpar os responsáveis pela limpeza.

Maria Lúcia uma das responsáveis pela limpeza afirma que, quando os funcionários chegam pela manhã, encontram uma bagunça total. As cadeiras não estão nos lugares em que são colocados. Os alunos jogam papel no chão, ao invés de jogar na cesta. Eles não valorizam a limpeza, deveriam preservar o ambiente limpo, mas não fazem isso. Prova disso é o banheiro, que apesar de os funcionários estarem sempre limpando, é o local mais sujo. Ressalta que os alunos os tratam com educação, mas deveriam deixar a Universidade mais limpa. Acredita que a direção da Universidade poderia fazer uma campanha de valorização do trabalho do pessoal da limpeza.

Edenice Gomes trabalha na parte térrea do CAHL . Para ela, tudo é difícil sala de aula, banheiro. Reclama que as cadeiras estão sempre uma em cima da outra, e encontra bastante papel pelo chão. O banheiro é horrível, quando chega pela manhã, não tem nenhuma condição de uso, a porcaria que os alunos fazem é imensa, principalmente as mulheres. O banheiro feminino é o pior que tem, pois as mulheres não têm respeito nenhum. Quando estão menstruadas, jogam absorventes no chão, sujam os vasos de menstruação e fezes, e não dão a  descarga. Até mesmo fazem xixi no chão, é um horror cuidar do banheiro feminino.

Os alunos não respeitam o trabalho dela e de suas colegas. No momento em que estão limpando, os alunos entram, nem na hora da limpeza eles têm respeito pela pessoa que está trabalhando. Muitas vezes, até passam por quem está limpando parecendo que vai levar a pessoa na frente, parecem que não enxergar. Edenice acha que, já que os alunos vêem os funcionários limpando, deveriam respeitar o trabalho, pois, em casa, ninguém usa sanitário e deixa de dar a descarga, não jogam absorventes pelo chão. Já na Universidade, até o chão sujam de menstruação.

Deveriam deixar de jogar papel higiênico no chão, já que é para isso que existe a cesta do lixo. Ela e seus colegas são testemunhas de como os banheiro se encontram, precisam fazer a manutenção várias vezes ao dia, porque é o local mais imundo da faculdade. Lembra de que a faculdade tem que ser cuidada por todos, afinal, passam o dia todo nela. Assim como Maria Lúcia, acha que seria bom se a faculdade fizesse um trabalho de conscientização.

Outro funcionário, que não quis ser identificado, disse que eles limpam pela manhã e à tarde tem revisão, mas os alunos nunca deixam o local limpo. Ele também considera o banheiro o pior local, porque eles colocam o papel e os alunos jogam dentro do vaso sanitário, o banheiro dos homens está entupido por causa disso. O recipiente de colocar o sabonete foi trocado por pedido dos alunos, e eles mesmos já quebraram alguns. Os alunos pedem uma coisa e depois abrem mão, por exemplo, pediram água mineral, os funcionários colocaram, mas os bebedouros estão quebrados, não preservam aquilo que é deles mesmo.

Defende que faculdade deve chamar a atenção dos alunos, explicou que os funcionários da limpeza são pagos por ela, mas não são empregados deles. Estão ali para deixarem as coisas organizadas, pena que encontram tudo organizado e não deixam da mesma forma que encontraram. Sabe que é assim mesmo, que os funcionários têm que fazer a o trabalho, infelizmente, algumas pessoas acham que eles têm que fazer também o trabalho de outros, da responsabilidade individual de cada um.

O funcionário responsável pela limpeza da sala dos professores, também não quis ser identificado. Contudo, disse que os professores deixam o local limpo. Apesar de não ser responsável por outros locais, se sensibiliza com a situação de seus colegas de trabalho, e diz que os alunos deveriam colaborar mais, porque o pessoal da limpeza deixa tudo limpo e os alunos não preservam. Também acha que a faculdade deveria cobrar dos alunos maior respeito, e que eles preservassem a limpeza, mas infelizmente não tem uma pessoa que faça isso. Finaliza dizendo que ele e seus colegas limpam para todos aproveitarem.

Aline Sampaio
Marizangela Sá

PRINCIPAIS CONQUISTAS DOS BANCOS DEPOIS DE 14 DIAS DE NEGOCIAÇÕES

A greve dos bancos, que durou 14 dias, chegou ao fim depois de ter sido aprovado o reajuste real de 11,54% para os bancos privados, sendo 7,5% para quem ganha até R$5.250 e 4,29% para quem ganha mais de R$5.250. Segundo o delegado sindical, Marcos Silva Dantas de Santana, funcionário do Banco do Brasil, o órgão conseguiu 7,5% sobre todas as verbas salariais. A mesma porcentagem foi o que a Caixa Econômica obteve. Contudo, não foi apenas a favor de um aumento salarial que a categoria aderiu á greve.
 
O delegado sindical explicou que, além do reajuste salarial, os grevistas pediam R$ 4 mil a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os bancos privados conseguiram a Regra Básica de 90% do salário, mais R$ 1.100,80, com teto de R$ 7.181 (reajuste de 7,5%). E também uma parcela adicional de 2% do lucro líquido distribuído linearmente, com teto de R$ 2.400 (reajuste de 14,28%). Já para o Banco do Brasil, e A Caixa Econômica Federal, fica mantida a regra antiga com a distribuição linear de 4% do lucro líquido semestral, e ainda o módulo FENABAN – Federação Nacional dos Bancos, acrescida do módulo bônus aos comissionados.

VALORIZAÇÃO DOS CARGOS

Os bancários também queriam a valorização dos salários de ingresso na categoria, com o piso salarial de escriturário baseado no salário mínimo do Dieese, de R$ 2.157. Com o objetivo de que o trabalhador bancário pudesse enxergar um futuro na sua carreira dentro da instituição financeira, garantindo a igualdade de oportunidades a todos os trabalhadores na ascensão profissional, a categoria reclama a criação de um Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) para todos os bancos, com o acompanhamento dos sindicatos. 
 
Com a greve, o Banco do Brasil conquistou um reajuste de 13%, elevando o que era de R$ 1.425 para R$ 1.600, o que significa um aumento real de 8,71%, com correção de todo o PCS. Estabelecimento da Carreira de Mérito do Plano de Carreiras e Remuneração (PCR). Os funcionários da Caixa também passarão a receber esse valor, a diferença é que ele será feito mediante aplicação de 10,19% sobre o valor da referência.
 
Marcos de Santana colocou que na 12ª Conferência Nacional, os delegados decidiram pela contratação total da remuneração do bancário. Com isso, se fez necessário negociar com os bancos, além da remuneração fixa, a remuneração variável que a cada ano ocupa parcela maior do salário dos empregados dos bancos. Como proposta para essa remuneração variável, o Sindicato aconselha que os bancos paguem mensalmente 10 % sobre o total das vendas dos produtos financeiros realizados nas unidades e 5 % da receita de prestação de serviços, apurada trimestralmente e distribuída de forma linear, com a incorporação de um percentual ao salário.

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Antes da greve, os delegados sindicais aprovaram aumentos maiores para os vales alimentação e refeição, cada um deles com o valor de um salário mínimo nacional (R$ 510). O aumento teria sido apontado como prioritário por 75 % dos bancários que responderam à consulta do Sindicato. Os bancos privados conseguiram R$ 18,15 em auxílio refeição, 13ª cesta-alimentação de R$ 311,08 e auxílio cesta-alimentação também de R$ 311,08. Quanto aos bancos do Brasil e Caixa Econômica, esse item não consta em suas principais conquistas.
 
Setenta e cinco por cento dos bancários de São Paulo, Osasco e região apontaram o combate ao assédio moral como sendo prioritário na Campanha Nacional Unificada 2010. Esse é considerado um dos principais focos de adoecimento da categoria. Apenas os bancos privados dispuseram como uma de suas principais conquista a inclusão de cláusula na Convenção Coletiva para o combate ao assédio moral. A empresa condenará a qualquer ato de assédio e criará um canal de denúncias, estabelecendo um prazo para a apuração e retorno ao Sindicato.

OUTRAS REIVINDICAÇÕES

Na Campanha Nacional Unificada 2010, a segurança de bancários, vigilantes e clientes nas agências bancárias, foi também uma prioridade.  A greve possibilitou que os bancos privados conquistassem a obrigatoriedade do registro de boletim de ocorrência, divulgação de estatística semestral do setor e atendimento psicológico no pós-assalto, além da possibilidade de realocação para outra agência ao bancário vítima de sequestro.
 
Muitas outras reivindicações foram feitas. Com o objetivo de garantir o emprego dos bancários, a categoria 
acreditava serem necessárias novas contratações, fim das terceirizações, garantia de emprego inclusive durante os processos de fusão, luta pela ratificação da Convenção 158 da OIT – Organização Internacional do Trabalho, que proíbe dispensas imotivadas, acabar com as demissões por justa causa em função de endividamento, respeito à jornada de trabalho. Os bancários também queriam a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal que regra o Sistema Financeiro Nacional, obrigando os bancos exercer seu papel social e promover o desenvolvimento do país. Todavia, soluções para esses impasses não são apontadas como conquistas por nenhum dos bancos.
 
Marcos de Santana, delegado sindical, esclareceu que as negociações tiveram início dia 24 de agosto. No dia 24 de setembro, foi quando ocorreram as últimas negociações, mas sem nenhum avanço por parte da FENABAN. O resultado foi a paralisação da categoria por tempo indeterminado. Acredita que o resultado das eleições 2010, que levou a disputa da presidência para o 2º turno, pressionou o governo a intervir nas negociações, pois os grandes bancos, em sua maioria estatal, estão envolvidos na situação, o que de certa forma prejudica a campanha para a reeleição. 

Sobre os clientes, afirmou que em sua minoria protestaram contra o movimento grevista bancário. Reclamavam principalmente da não possibilidade de pagamento dos seus vencimentos, com razão. Entretanto, tendo em vista a luta por melhorias nas unidades bancárias, principalmente, para o bem-estar do cliente, a maioria apoiou e reivindicou, juntamente com os trabalhadores, melhores condições nas agências. Esse é o ponto forte da união bancários e clientes.

Aline Sampaio

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A SÉTIMA ARTE NAS ESCOLAS DO RECÔNCAVO

Desde 1971, pela Lei 5692, a disciplina Educação Artística torna-se parte dos currículos escolares. A partir dessa perspectiva existem algumas iniciativas notáveis de inclusão da arte no currículo com o intuito de contribuir para a formação estética e intelectual de crianças e jovens. Deste modo, foi criado há três anos um projeto inédito no Brasil com este objetivo: é o PROJETO LANTERNINHA- CINEMA E EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO. Presente em escolas de dois municípios do Recôncavo baiano (Colégio Aurelino Mário em Cachoeira e Colégio Edvaldo Machado Boaventura em Santo Amaro) o Projeto Lanterninha realiza atividades de exibição de filmes quinzenalmente com o objetivo de formar platéia para o cinema nacional e posteriormente criar cineclubes nestas escolas. 

 Foto: Débora Paes

Projeto Lanterninha

Este projeto foi idealizado por Maria Carolina, profissional de cinema há dez anos, que conta que pensou em criar o Lanterninha, a partir de uma experiência cinematográfica com o filme “Pro dia nascer feliz”, de João Jardim. Ela diz que quis traduzir essa experiência na criação desse projeto. Maria Carolina, afirma que conta com uma equipe de pedagogos, comunicadores, psicólogos entre outros profissionais que, de alguma forma, estão ligados ao cinema e acreditam que a prática de leitura fílmica na escola pode ser uma forma lúdica, estética e muito eficaz de educar o olhar e  trabalhar os conteúdos curriculares com alunos de escolas públicas.
 
A experiência do Lanterninha  começou nas escolas de Salvador e continua  devido ao seus resultados – Hoje o projeto conta com oito cineclubes formados em escolas da rede estadual –Como conta Daiane Silva coordenadora pedagógica do projeto:
 
 “Acho que tem dado certo. Porque está sendo construído num diálogo permanente com a escola, com os professores, com os alunos, nós estamos tendo muito cuidado quanto aos filmes que escolhemos pra exibir, prestando atenção no perfil dos meninos e na demanda da escola. As dificuldades encontradas têm a ver com uma dinâmica institucional que possibilita uma atuação mais eficiente ou não do projeto. O lanterninha atrai os espectadores para os filmes e levam os educadores a fazerem uma reflexão sobre a educação.”
 
Clissio Santana monitor do Lanterninha reflete: “Eu acho que o lanterninha aqui no recôncavo propõe a formação do olhar à partir do cinema...de outro tipo de cinema, que não o da Globo, nem o comercial.O que gera momentos de rejeição e alguns momentos de acolhimento. Aqui tiveram momentos muito produtivos e  rolou a discussão tiveram altos e baixos mas, quando um menino rejeita um filme e acolhe outro ele já esta formando um olhar critico. O lanterninha trabalha no limite, sempre tenta somar e encontra muitas dificuldades mas isso é típico da educação brasileira é  o sistema educacional.”
 
A professora Alessandra completa: “o projeto em si é muito bom! encontramos alguma resistência porque alguns alunos não gostam ou não tem uma cultura voltada para filmes. Em contrapartida outros alunos se interessaram e me perguntavam: que dia o lanterninha vem? e também gostaram  dos debates.O projeto resgata o valor de assistir a  um filme e trocar  experiências”
Patrocinador
 
O Projeto Lanterninha é patrocinado pela Oi através do Programa de Fomento à cultura do Governo do Estado da Bahia, o Fazcultura. Contam ainda com o apoio da Oi Futuro e do IAT – Instituto Anísio Teixeira, órgão especial da Secretaria de Educação do Governo do Estado da Bahia e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, através da DIMAS e da Sala Walter da Silveira. Muito embora o projeto já tenha reconhecimento e alcançado sucesso, Carolina afirma que infelizmente ainda não tem o apoio da Secretaria de Educação, mas a iniciativa segue firme enquanto o apoio não vem.
 
Programação
 
Os filmes exibidos nos colégios Aurelino Mário e Edivaldo Machado Boaventura foram: Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim; A Máquina, de João Falcão; Meninas, de Sandra Werneck, Saneamento Básico, de Jorge Furtado; Narradores de Javé, de Elianne Café; Bicho de 07 Cabeças, de Laís Bodanzky; Besouro de João Daniel Tikhomiroff, além dos curtas-metragens baianos: 10 Centavos, de César Fernando de Oliveira e Carreto, de Cláudio Marques e Marília Hughes. O projeto também marcou presença no primeiro Festival de Documentários de Cachoeira o Cachoeira Doc.
 
Prêmio:
 
O projeto Lanterninha está concorrendo ao prêmio Cultura Viva. A terceira edição do Prêmio Cultura Viva obteve 1.794 inscrições, oriundas de cerca de 750 municípios brasileiros. E o Lanterninha encontra-se entre os 40 finalistas.
                                                                                        Daiane Santiago