sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PRECARIEDADE DOS TRANSPORTES PREJUDICA ESTUDANTES DA UFRB

Trajetos longos. Viagens demoradas. Preços altos. Veículos mal conservados. Tudo isso faz parte do cotidiano de grande parte dos alunos do CAHL – Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB. Aqueles que residem em cidades circunvizinhas a Cachoeira dependem de sistemas de transporte ineficiente.

Os cursos do campus de Cachoeira agregam alunos de diversas localidades. Para grande parte deles, não existe a viabilidade de fixar moradia na cidade. Em decorrência disso, é intenso o fluxo de estudantes que fazem o trajeto de ida e volta todos os dias.  Dentre os principais municípios que abrigam esses estudantes, encontram-se Feira de Santana, Cruz das Almas, Governador Mangabeira, Santo Amaro, Muritiba e alguns outros vilarejos da zona rural.

TRANSPORTE PÚBLICO - Sheila Barreto, estudante do segundo semestre do curso de jornalismo é um exemplo dessa situação. Por trabalhar todas as tardes, a aluna precisa ir e vir de Santo Amaro todos os dias. O transporte utilizado por ela é o ônibus intermunicipal. Para ela, a viagem não chega a ser um transtorno. “É bem tranqüila a viagem. Eu acho bem confortável. Os ônibus geralmente têm banheiro e de vez em quando, há fiscais das empresas nos veículos. Só não existe a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança” afirma Sheila. 

Com horários fixos de saída e retorno, e passando de casa em casa, uma boa alternativa para os alunos são as vans fretadas, que realizam transporte particular de um grupo fixo de alunos. Os custos são mais baixos do que o dos transportes de linha e o pagamento é mensal, facilitando a vida dos estudantes. “Eu venho de transporte fretado e a diferença é que ele me pega em casa, por isso é mais facilitado e mais garantido. Eu estudo à tarde e alguns dias eu tenho aula pela manhã e tenho que vir de carro de linha. A diferença é enorme. Eu gasto em média R$ 140 com transportes no total. É bem bom!”, afirma Miquéias Silva, estudante de Ciências Sociais. Como são poucos os carros que oferecem esse serviço, não há vagas suficientes para atender à grande demanda de estudantes.


TRANSPORTE ALTERNATIVO - Para aqueles que viajam de Transporte Alternativo – as chamadas Topics, a realidade é mais difícil. As reclamações são muitas. A maior parte delas fica por conta da demora, da má conservação dos automóveis, da insegurança e do desconforto. “Eles colocam muita gente dentro da Topic. Em um espaço que só cabem três pessoas, eles colocam quatro ou cinco. Eles querem que a gente sente no vão entre um banco e outro, no buraquinho” diz Vanessa Vilaverde, estudante do terceiro semestre de Ciências Sociais. “Eu só pego o transporte mesmo quando vejo que tem espaço pra sentar. É horrível”, conclui.

Para Paulo Roberto, estudante do 5º semestre de Cinema, o mais difícil é conciliar o tempo de estudo e trabalho. A demora dos transportes alternativos prejudica ainda mais a sua rotina. “Eu moro na zona rural de São Felipe. Saio às cinco horas da manhã e pego um ônibus já lotado de alunos até Cruz das Almas. De lá, vou de transporte alternativo até Cachoeira. O que me incomoda mais no transporte alternativo é a demora, devido às paradas ao longo do caminho. Chego a gastar em torno de uma hora em uma viagem que poderia ser de trinta minutos.” Apesar de estar insatisfeito, Paulo Roberto não visualiza uma melhora na prestação do serviço. “Como o próprio nome já diz, é transporte alternativo. A gente não pode nem reclamar. De onde eu venho, só há essa opção. É isso ou eu não estudo”, diz.

REGULAMENTAÇÃO – O maior problema encontrado pelos estudantes é a falta de opção. Para muitos, as vans são o único meio de transporte encontrado para chegar a Cachoeira.  Os transportes alternativos fazem um percurso diferente do realizado pelos ônibus intermunicipais. Um exemplo disso é a rota Cruz das Almas x Cachoeira, realizada pela COOTAM – Cooperativa de transporte Autônomo do Recôncavo Meridional, que passa por dentro de Governador Mangabeira, Muritiba e São Félix, parando o tempo todo em busca de mais passageiros, atrasando a viagem e piorando a qualidade do serviço.

Apesar da existência de cooperativas, o transporte alternativo é irregular, sem nenhum vínculo formal com a AGERBA - Agência de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia. Para o motorista da COOTAM José de Sousa Vieira, a agência reguladora deveria priorizar a legalização do transporte alternativo “Se é só a gente que faz o transporte nessa região porque não regularizar?” questiona ele. “Mas eles querem de certa forma reprimir a gente, diminuir o número de carros que circulam. Isso só prejudica o trabalho de quem corre atrás do pão de cada dia”.
Para o senhor Zé do Boi, condutor da ASCAMUCA – Associação dos Condutores Alternativos do Município de Cachoeira, que realiza o trajeto Cachoeira x Feira de Santana, a regularização está próxima. “Depois da política vai regularizar, graças a Deus. Vai melhorar tudo, até por causa da fiscalização da Polícia Federal. Melhora pra gente, melhora para os estudantes, melhora pra todo mundo”.

Celina Pereira


Um comentário:

  1. Adorei a matéria, Céu =)
    Realmente, quem depende constantemente dos meios de transporte aqui em Cachoeira, sofre. Principalmente quando se trata de transporte alternativo. Haja paciência!

    Beijoos

    ResponderExcluir